**Bitcoin e o evangelho**
Por Tim Aka, tesoureiro associado e líderde investimentos da Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Tecnologia financeira Blockchain para proteger criptomoedas como bitcoin para pagamentos on-line e transações monetárias. Conceito Fintech com blocos de razão criptografados acorrentados. Pessoa que trabalha no computador
O que você acha de um NFT como presente de aniversário?
Crianças e jovens podem dizer: “Legal”.
Quase todo mundo com mais de 50 anos está dizendo: “O quê?"
Você sabe,, um token não fungível.
O que é isso? E daí?
Um NFT é uma unidade única e não intercambiável de dados armazenada em um blockchain (razão digital). Ainda não está claro?
Você deve se lembrar do Napster na década de 1990, um site da Internet que compartilhava músicas permitindo que qualquer pessoa baixasse arquivos de música em seu MP3 player. (Todos os leitores com menos de 20 anos apenas disseram: “O quê?” É como um iPod, mas, tipo, muito ruim). Depois que a música se tornou digital, ficou fácil compartilhá-la com o mundo com um clique do mouse. A desvantagem – e a parte ilegal – era que a maioria dos arquivos era pirata, o que significa roubado.
Hoje enviamos milhões de arquivos de todos os tipos para todo o mundo. Mas e se existisse um sistema que protegesse os ativos digitais contra a pirataria, monitorasse quem possuía qual arquivo digital e mostrasse para onde ele foi transferido? Parece impossível, certo? Bem, não tanto mais.
Entra em cena o blockchain, um sistema de contabilidade distribuído que permite a todos acompanhar os ativos digitais: quem possui o quê e quais transações foram feitas com eles. A maioria já ouviu falar do Bitcoin, uma moeda digital construída em uma plataforma blockchain. Agora que mencionei o Bitcoin, você se encontrará em um dos três grupos: (1) os maximalistas do Bitcoin, que são fervorosos crentes e evangelistas do Bitcoin; (2) os que não cunham moedas, aqueles que não conseguem entender por que alguém investiria o dinheiro suado em uma ideia tão maluca; e (3) todos os outros – aqueles que ainda estão tentando descobrir o motivo de tanto alarido. Divulgação completa: estou no grupo 3.
Quer se trate de Bitcoin, Ethereum ou uma das centenas de outras “moedas” (o nome preferido para criptomoedas pelos seus proponentes), a nova tecnologia é atraente porque nivela o campo de jogo nas finanças e oferece ganhos potencialmente grandes para os participantes. Claro, isso presumindo que você faça parte do grupo 1 acima. É como um sistema bancário sem taxas bancárias, transações sem rastreamento e poupança sem a intervenção dos bancos centrais. Cada uma dessas moedas representa uma comunidade de usuários e crentes. As moedas funcionam e ganham valor à medida que mais pessoas ingressam na sua rede.
Um pequeno exemplo do poder desse efeito de rede é o Dogecoin, uma criptomoeda que foi criada como uma brincadeira. As pessoas queriam entrar na brincadeira e começaram a entrar na rede. Na verdade, tantos aderiram à piada do Dogecoin que ela chamou a atenção de um grande time esportivo, o Dallas Mavericks da National Basketball Association. Os Mavericks tornaram suas mercadorias compráveis com Dogecoin. Estrondo? A piada se tornou um verdadeiro meio de transação e ganhou mais de 5.200% de preço durante o ano passado. Só para deixar claro, não estou recomendando Dogecoin ou dando conselhos de investimento aqui.
Os não-coiners zombam da ideia da criptografia como algo nascido na mente sombria de um hacker de computador para ser usado por grupos de renegados e criminosos. Não é para investidores experientes e respeitáveis, eles decidiram. No entanto, está a tornar-se difícil ignorar o facto de que 2 biliões de dólares em várias moedas já “existem” e que estas redes estão a crescer a um ritmo exponencial. A taxa de crescimento destas plataformas ultrapassa agora a velocidade com que a Internet e a World Wide Web foram adoptadas.
**Jovens, famintos e prontos para o novo**
As gerações mais jovens estão mais abertas não só a abraçar esta nova tecnologia, mas também a uma participação ávida na economia digital, onde os métodos antigos são substituídos por novas ideias e tecnologias que os facilitam. Os jovens adultos parecem compreender que os sistemas que permitiram aos seus pais prosperar como proprietários ricos de activos de classe média não serão tão generosos com eles. Reconhecem o mundo actual como um lugar onde corretores e banqueiros, os intermediários funcionais e financeiros, desviaram grande parte da riqueza do sistema durante décadas no futuro, deixando perspectivas sombrias para aqueles que não têm activos tangíveis.
Muitas pessoas estão, portanto, olhando para a criptomoeda, as finanças descentralizadas e os ativos tokenizados como uma opção mais viável. Eles veem seu futuro no Bitcoin, no Ether, nos contratos inteligentes, nos NFTs e na Web 3.0, que mudarão radicalmente a forma como fazemos transações – e como decidimos o que é considerado valioso. A nova tecnologia e ideologia irão contornar os antigos sistemas financeiros e permitir que as gerações vindouras contornem as montanhas de dívidas contraídas pelas gerações anteriores.
Neste novo mundo digital, as antigas fronteiras são eliminadas. As estruturas das fronteiras nacionais e das moedas nacionais são substituídas por comunidades de participantes. Isto proporciona acesso a serviços financeiros que eram difíceis de adquirir por alguns segmentos da população. Há uma crença num efeito de rede destes novos ativos digitais à medida que os utilizadores crescem exponencialmente – de acordo com a chamada Lei de Metcalfe. O valor destas redes só será concretizado nos próximos anos, mas há uma crença crescente no seu poder de acumulação. Na opinião dos defensores das criptomoedas, a “velha guarda” ainda se agarra desesperadamente aos seus “ativos tangíveis” e não compreende o valor de uma moeda que parece ser criada a partir de nada mais do que código de computador. Ironicamente, isto não obstante a realidade de que os investimentos nos mercados bolsistas e no imobiliário estão a disparar porque os bancos centrais estão a imprimir dinheiro “do nada”.
Todos nós já ouvimos que a definição de insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar um resultado diferente. Talvez as gerações mais jovens compreendam isto e vejam a insanidade dos actuais sistemas económicos. Talvez eles tenham intrinsecamente mais fé em sua própria energia, engenhosidade, criatividade e comunidade. De qualquer forma, talvez este seja o verdadeiro núcleo de qualquer economia: a energia e a dedicação das pessoas que trabalham na economia, e não daqueles que detêm “direitos de propriedade” sobre os lucros. Talvez eles tenham compreendido que algo só é valioso quando um número suficiente de pessoas acredita que é valioso.
Estamos caminhando para uma colisão entre o antigo e o novo sistema de dinheiro, finanças e transações. Ainda não se sabe como as coisas irão evoluir, mas seria míope rejeitar as novas ideias e tecnologias quando um grande grupo de gerações as está a abraçar. Eles favorecem um mundo mais igualitário em vez de uma abordagem oportunista, de vencedores e perdedores. Talvez assinale uma mudança na ética protestante e no espírito do capitalismo, que criou uma enorme riqueza para muitas nações historicamente protestantes, mas deixou continentes inteiros para trás, com poucas hipóteses de alguma vez recuperar o atraso. Talvez agora que os filhos dessa ética de trabalho também enfrentem um futuro sombrio, a letra esteja na parede.
**Transições de Eras**
À medida que estas enormes mudanças tectónicas ocorrem nos alicerces das economias modernas, é fundamentador – e reconfortante – recordar a encarnação de Jesus. Mais poderosa até mesmo do que o NFT mais divulgado pela mídia, uma revolução social começou com o nascimento de Jesus. Jesus veio ao mundo para derrubar os antigos alicerces e construir um novo reino. Os crentes deveriam estudar como essas profundas transições de épocas se desenrolam.
O Bitcoin certamente não deve ser equiparado ao evangelho, mas ambas as realidades oferecem a promessa de algo melhor para as pessoas que têm pouco, uma comunidade de crentes para os desprivilegiados e oportunidades para aqueles sem esperança.
Jesus não poderia ter enviado uma mensagem mais forte ao nosso mundo de hoje do que ao escolher tornar-se um camponês pobre de uma cidade indesejável, nascido sob uma nuvem de impropriedade, vivendo numa nação sitiada. Ele não escolheu vir como parte da rica velha guarda, mas estava totalmente incorporado como membro do novo reino que estava revelando. As antigas formas de fazer as coisas cederam ao casteísmo, ao elitismo e à divisão. Os pobres foram oprimidos neste mundo, com pouca esperança de salvação no próximo. Jesus rejeitou completamente essa classe “superior”, condenando o seu materialismo, a hipocrisia e a falta de compaixão.
Quando Jesus andou nesta terra, Ele não pretendia “mudar o mundo”, pelo menos da maneira habitual. Ele caminhou com um pequeno grupo de homens e mulheres para ajudá-los a ver este novo reino. Ele compartilhou Sua alegria, energia e entusiasmo para construir uma nova comunidade de fé. Ele ofereceu uma nova forma de valorizar as pessoas, suas ações e intenções. Esta pequena comunidade de crentes se tornaria os evangelistas do Seu reino. E quando essas 120 pessoas captaram a visão e receberam o poder do Espírito, elas incendiaram o mundo com um poder nunca antes visto.
O evangelho proclamado por Cristo às pessoas sem esperança teve um poder enorme e a mensagem se tornou viral. Essa mesma mensagem proclamada hoje também pode ter um impacto tremendo. Não porque a linguagem utilizada seja diferente, mas porque, mais uma vez, existem ações que combinam com as palavras. No crepúsculo da nossa era económica, as ações de generosidade, compaixão e cuidado para com a nossa comunidade são um grande diferencial. Em Jesus, as pessoas viram um Filho de Davi. Jesus agiu com a autoridade, a dignidade e a benevolência de um rei, em contraste com os governantes terrenos.
E se o mundo visse em nós um filho, uma filha, do Rei, um co-herdeiro de Cristo, que respira ares de realeza? Como quem tem um lugar à mesa, e não como quem luta pelas migalhas que dela caem? E se realmente acreditássemos que já recebemos a herança como filho ou filha? Continuaríamos nossos esforços pela riqueza material? Isso mudaria a maneira como tratamos uns aos outros? Apesar do caos, dos conflitos, da corrupção e da injustiça no mundo, encontraríamos paz e alegria? Nos tornaríamos um farol em um mundo sombrio que atraia aqueles que tateiam nas sombras?
Jesus veio a esta terra perto do ponto de falha dos antigos sistemas sociais e económicos hebreus. Ele usou o fracasso desses sistemas como alavanca para inaugurar Seu novo reino. A dicotomia revelou a muitos as verdadeiras virtudes dos princípios de Deus. É apropriado que o Seu regresso pareça próximo à medida que nos aproximamos do ponto de fracasso do nosso actual sistema capitalista. Enquanto a velha guarda tenta desesperadamente manter este sistema, as novas gerações procuram ansiosamente por mudanças.
Os jovens adultos estão recorrendo ao Bitcoin e outras criptomoedas, onde veem a promessa de algo melhor. Estão a construir comunidades e sistemas que procuram quebrar barreiras e fornecer novas abordagens. Eles abraçam a mudança com entusiasmo porque consideram o sistema atual quebrado. Inspirados por um novo mundo de potencial e optimismo, eles evangelizam, enquanto outros que vêem o sistema como um jogo de soma zero tendem a acumular e proteger. Ainda não está claro se esta nova moeda funcionará; se esta revolução blockchain será bem-sucedida; mas a energia que impulsiona a ideia é palpável. Os objectivos e metas deste movimento, de criar um mundo mais justo e com mais oportunidades para todos, são abraçados por muitos.
**Por que funcionou e ainda funciona**
Pessoas de todas as idades, culturas, status e religiões acorreram a Jesus ao ouvirem a promessa de algo melhor. Jesus proclamou as boas novas do reino dos céus que quebrou as barreiras em Sua época — e em todas as épocas. Ele revelou o poder transformacional de ter um vislumbre desse novo mundo. Depois de ver, você não pode deixar de vê-lo. Esse vislumbre muda você quando você o encontra.
O poder deste reino é real. Transcende todo o poder, posição e dinheiro que a nossa cultura acredita ser crucial. A bondade não conhece status. A verdadeira alegria não tem preço. A paz em nossos corações é mais poderosa que um exército. De acordo com a Palavra de Deus, os cidadãos do reino dos céus inaugurarão uma nova era numa demonstração final e gloriosa dos princípios do Seu reino.
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